Decisão ocorre após saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência e indicação de Wolney Queiroz sem aval da bancada; legenda promete atuação autônoma
Imagem: Reprodução Palácio do Planalto
O PDT oficializou nesta terça-feira (6) o rompimento com a
base do governo Lula na Câmara dos Deputados. A decisão, segundo a bancada do
partido, foi unânime e marca um novo momento de tensão entre o Palácio do
Planalto e legendas que até então integravam sua coalizão. A legenda agora
promete uma atuação independente no Congresso.
O estopim para a ruptura foi a forma como o governo federal
conduziu a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social. Presidente
licenciado do PDT, Lupi deixou o cargo na última sexta-feira (2), em meio a
investigações sobre fraudes em benefícios previdenciários. Deputados da legenda
acusam o governo Lula de ter forçado a saída de Lupi sem diálogo com o partido
e de tê-lo exposto publicamente, sem oferecer apoio político ou institucional.
A situação se agravou com a indicação do deputado Wolney
Queiroz (PDT-PE) para assumir a pasta deixada por Lupi. A nomeação pegou a
bancada de surpresa e foi recebida com forte resistência interna. Parlamentares
afirmam que Queiroz não tem o apoio da legenda para representar o partido no
ministério.
“Foi uma decisão unânime. O PDT agora atua com autonomia”,
declarou o deputado Mário Heringer (PDT-MG), líder da bancada na Câmara, após
reunião com os parlamentares da sigla.
A crise escancara um enfraquecimento da base de sustentação do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional. O governo já
enfrenta dificuldades para aprovar pautas prioritárias, especialmente na
Câmara, e a saída do PDT — mesmo com sua bancada reduzida — simboliza uma perda
simbólica importante e pode abrir caminho para o afastamento de outras legendas
do chamado "centrão ampliado".
Ciro Gomes articula ruptura total
A ala do PDT alinhada ao ex-ministro e ex-presidenciável Ciro
Gomes defende um rompimento completo com o governo federal, incluindo a entrega
de cargos no segundo escalão e a adoção de uma postura de oposição no Senado e
em governos estaduais.
Para esse grupo, a decisão de hoje é apenas o primeiro passo.
“Independência é transitória. A ruptura total é inevitável”, afirmou um
interlocutor ligado a Ciro, sob reserva.
Lula perde apoio, mas mantém silêncio
Até o momento, o Palácio do Planalto não se manifestou
oficialmente sobre o rompimento do PDT. Nos bastidores, auxiliares do
presidente admitem incômodo com o desgaste público, mas evitam alimentar a
crise. A nomeação de Wolney Queiroz ainda não foi formalizada no Diário
Oficial da União, o que pode indicar uma tentativa de recuo ou reavaliação
da escolha.
Com um Congresso cada vez mais fragmentado e aliado a tensões
internas nas bancadas aliadas, o governo Lula vê seu espaço de manobra política
diminuir. A capacidade de articulação do Planalto será testada nos próximos
dias — especialmente nas votações de interesse do Executivo, como a reforma
tributária e os projetos de regulamentação da inteligência artificial.
Por Inova News | Brasília, 6 de maio de 2025
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