Oposição ocupa mesas do Congresso após prisão domiciliar de Bolsonaro

Hugo Motta (Republicanos-PB), cumpre agendas na Paraíba nesta terça e não se manifestou sobre os atos dentro do plenário.

 Foto: José Cruz/Agência Brasil

Nesta terça-feira, 5 de agosto de 2025, parlamentares da base de Jair Bolsonaro iniciaram uma ação coordenada de obstrução nos plenários do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, ocupando fisicamente as mesas diretoras de ambas as Casas legislativas.

Motivações e reivindicações

O movimento foi deflagrado após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretar a prisão domiciliar de Bolsonaro por descumprimento de medidas cautelares, entre elas restrição ao uso de redes sociais e de contatos públicos.

Entre as exigências dos oposicionistas estão:

  • Pautar o impeachment de Alexandre de Moraes, considerado por eles um juiz autoritário;
  • Colocar em votação a anistia ampla, geral e irrestrita para os condenados pelos atos do 8 de janeiro de 2023;
  • Aprovar uma PEC para extinguir o foro privilegiado, transferindo julgamentos da Justiça do Supremo para a instância comum.

Os oposicionistas prometeram manter as mesas ocupadas por tempo indeterminado, inclusive durante a madrugada, até que os presidentes das Casas — Davi Alcolumbre (Senado) e Hugo Motta (Câmara) — aceitem negociar ou pautar os projetos.

Reação nas Casas legislativas

Apesar dos protestos, tanto Alcolumbre quanto Motta ainda não anunciaram qualquer decisão de pautar os pedidos de impeachment ou anistia. Segundo interlocutores, Alcolumbre evita sinalizar qualquer recuo.

O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL‑RJ), informou que deve pautar o projeto de anistia caso Hugo Motta se ausente do país, assumindo interinamente a presidência da Casa. 

Discurso da oposição

O senador Flávio Bolsonaro (PL‑RJ) criticou Moraes em coletiva, sustentando que o ministro transformou uma crise pessoal em crise institucional, ao impor medidas que ultrapassariam os limites legais. Para ele, a destituição de Moraes é o primeiro passo para restaurar o equilíbrio entre os poderes.

Além disso, Flávio defendeu que a Câmara vote a anistia — dizendo que, sem ela, não há paz política — e acusou o STF de alterar sua jurisprudência para barrar o ex-presidente em primeira instância, o que não teria ocorrido com presidentes anteriores.

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL‑RN), reforçou que parlamentares da direita já iniciaram a obstrução. Segundo ele, há mais de duas semanas sem interlocução com Alcolumbre.

O deputado Sóstenes Cavalcante (PL‑RJ) declarou que o grupo está “preparado para a guerra”, simbolizando a obstrução com mordaças durante a ocupação da Câmara. Ele afirmou que o país só encontrará conciliação com a aprovação dos itens do chamado “pacote da paz”.

Panorama institucional e tensão política

A paralisação das votações já impacta diversas comissões temáticas — como Segurança Pública e Relações Exteriores — cujas pautas foram suspensas diante da urgência da obstrução.

A crise marca mais um momento de forte tensão entre o Legislativo, o Judiciário e setores da direita bolsonarista, após a prisão domiciliar do ex-presidente por decisão unilateral de Moraes. O impasse político gira em torno da legitimidade das medidas institucionais do STF e da reivindicação de solução parlamentar para a crise de representatividade.

      Por: Inova News      

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