Ministério da Gestão restringe acesso a informações sobre gastos públicos e levanta críticas sobre transparência

Com o sigilo, o rastreamento de cerca de R$ 600 bilhões em gastos públicos fica impedido

 

Fachada do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em Brasília Foto: Divulgação

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) restringiu o acesso a dados sobre acordos e repasses de verbas públicas federais destinados a Estados, municípios e Organizações Não Governamentais (ONGs). As informações, antes disponíveis no portal TransfereGov, agora estão indisponíveis para consulta pública. A mudança tem gerado críticas e preocupações sobre a transparência do uso de recursos públicos. A decisão foi revelada pelo jornal O Globo.

O TransfereGov é a principal plataforma do governo federal para a divulgação de informações sobre transferências de recursos da União. Com a nova diretriz, documentos relativos à prestação de contas e ajustes ligados a emendas parlamentares foram tornados sigilosos, impedindo o rastreamento de cerca de R$ 600 bilhões em gastos públicos.

Promessa de campanha

A medida vai de encontro a uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se comprometeu a ampliar a transparência e o controle social sobre os gastos do governo.

Um dos pontos mais sensíveis é o ocultamento de dados relacionados às emendas parlamentares. Historicamente, esse tipo de verba já enfrentava problemas de rastreabilidade. O chamado “orçamento secreto”, que impedia a identificação de congressistas responsáveis por indicações de recursos e seus respectivos beneficiários, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fim de 2022. Desde então, o STF vem cobrando providências do Congresso para garantir mais clareza no uso desses recursos.

Em março deste ano, o ministro do STF Flávio Dino afirmou que os avanços em transparência nas emendas do Orçamento “ainda estão muito longe do ideal”.

O que diz o MGI

Até o momento o MGI não respondeu aos questionamentos até o fechamento da reportagem. Ao O Globo, no entanto, o ministério justificou a decisão com base em uma orientação da Advocacia-Geral da União (AGU). Segundo o órgão, a AGU entendeu que a divulgação dos documentos viola a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), pois envolve dados pessoais constantes nos anexos dos convênios.

O MGI declarou que, enquanto desenvolve uma ferramenta de anonimização dos dados sensíveis, os anexos permanecerão indisponíveis na área de “Acesso Livre” do TransfereGov.

Transparência dos gastos públicos

A decisão reacende o debate sobre a transparência dos gastos públicos e os limites entre o direito à informação e a proteção de dados pessoais. Especialistas e entidades da sociedade civil alertam que a falta de acesso a esses dados pode comprometer o controle social e dificultar o combate à corrupção.

A expectativa agora recai sobre a postura de outros órgãos de controle e sobre a capacidade do governo de equilibrar proteção de dados e transparência na gestão dos recursos públicos. Enquanto isso, a sociedade civil e o Congresso devem aumentar a pressão por medidas mais efetivas de prestação de contas.

      Por: Inova News      

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