Editorial: A usurpação do Judiciário e a derrocada do Congresso Nacional

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Olha meus amigos!

O Brasil vive um momento decisivo. Um momento em que os pilares da democracia estão sendo colocados à prova, e a sociedade assiste, muitas vezes em silêncio ou impotente, ao avanço de um poder que ultrapassa os limites constitucionais: o Judiciário. E, mais precisamente, o Supremo Tribunal Federal, onde o ministro Alexandre de Moraes se tornou uma figura central, controversa e onipresente nos acontecimentos políticos mais sensíveis da atualidade.

Nos últimos anos, decisões monocráticas — ou seja, tomadas por um único ministro — têm reescrito, na prática, o papel do STF. Alexandre de Moraes, sob o pretexto de combater ameaças à democracia e à institucionalidade, tem acumulado poderes que ultrapassam o espírito das leis brasileiras. Que fique claro: defender a democracia é essencial. Mas fazer isso ignorando o devido processo legal, ferindo a ampla defesa e agindo seletivamente contra opositores, é instaurar um regime de exceção sob a roupagem do legalismo.

O ministro, que deveria julgar com imparcialidade, tornou-se uma espécie de xerife político, capaz de mandar prender, bloquear redes sociais, mandar calar vozes dissonantes — quase sempre do espectro político da direita —, sem o devido contraditório, sem julgamento colegiado, e muitas vezes, sequer com provas consistentes apresentadas. É o caso de prisões preventivas indefinidas, de censuras prévias, de investigações que tramitam em segredo eterno, longe da luz do contraditório.

E onde estão os outros ministros do Supremo? Onde está a divergência saudável que o colegiado permite? O que vemos é um silêncio cúmplice, uma omissão covarde ou, pior, uma concordância tácita. A Corte que deveria ser plural tornou-se refém da caneta de um só homem. Isso não é mais interpretação da lei — é imposição de vontade.

E, diante desse cenário de insegurança jurídica, onde qualquer passo pode ser punido de forma arbitrária, o que faz o Congresso Nacional? Ao invés de se impor como poder autônomo, eleito pelo povo, o Parlamento vai se curvando, se esvaziando, perdendo sua autoridade. O governo, por sua vez, com uma base enfraquecida, coleciona derrotas sucessivas no Legislativo, e em vez de negociar politicamente, faz o que já virou rotina: recorre ao Supremo Tribunal Federal como uma espécie de pronto-socorro judicial. Um gesto que, além de inconstitucional, rasga a independência entre os poderes.

Estamos vivendo um tempo em que leis são interpretadas conforme o interesse político, e não com base na letra fria e equilibrada da Constituição. É o triunfo do casuísmo sobre a legalidade. E isso mina a segurança jurídica do país, afasta investidores, compromete a estabilidade institucional e alimenta o descrédito nas instituições.

A democracia não se faz apenas com eleições. Ela exige respeito às regras, equilíbrio entre os poderes, garantia de defesa para todos — inclusive para os que pensam diferente. Quando um Judiciário se transforma em ator político, e o Congresso em figurante de luxo, a democracia perde sua alma.

O Brasil precisa urgentemente reencontrar o caminho da legalidade, do equilíbrio, da liberdade de expressão e do respeito às divergências. O Supremo deve voltar a ser Corte Constitucional — não tribunal de exceção. O Congresso deve resgatar sua autoridade. E o povo, que é o verdadeiro dono do poder, precisa estar atento e vigilante, antes que seja tarde demais.

Porque quando um poder avança sobre o outro, o que se tem não é mais democracia. É a semente do autoritarismo disfarçado de justiça.

      Por: Natan Tavares – Rádio Iracema / Inova News      

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