A iniciativa tem apoio de partidos como PL, PP, União Brasil e Republicanos, legenda presidida pelo deputado Hugo Motta (PB)
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Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados |
O debate em torno de uma possível anistia para os envolvidos
nos atos de 8 de Janeiro voltou a ganhar intensidade no Congresso. O tema,
considerado até pouco tempo um tabu dentro da Câmara, ganhou novo fôlego após
articulação direta do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), que esteve em Brasília nesta terça-feira (2).
De acordo com o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh
Farias (RJ), houve uma mudança perceptível no clima entre os partidos. Ele
afirmou que agora existe uma “boa vontade” por parte de setores do Centrão em
colocar a proposta em discussão. “A gente acha um grave erro qualquer discussão
para pautar a anistia. Esse movimento cresceu com a presença do governador
Tarcísio em Brasília, de colocar em debate a anistia para depois do
julgamento”, declarou Lindbergh após reunião de líderes.
Apoio no Centrão e cálculos políticos
A iniciativa tem apoio de partidos como PL, PP, União
Brasil e Republicanos, legenda presidida pelo deputado Hugo Motta (PB).
Juntas, essas siglas somam 292 deputados, número suficiente para aprovar
o projeto sem depender da base governista.
A estratégia da oposição seria avançar com a proposta apenas
após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo
Tribunal Federal, marcado para o dia 12 de setembro. Embora ainda não
haja um texto final, a expectativa é que Bolsonaro seja incluído no perdão.
Tarcísio como peça-chave
Apontado como principal herdeiro político de Bolsonaro — hoje
inelegível —, Tarcísio de Freitas tem se posicionado de forma cada vez mais
enfática sobre o tema. Na última sexta-feira (29), o governador afirmou que,
caso eleito presidente da República, seu primeiro ato seria conceder indulto
a Bolsonaro.
Essa postura fortaleceu sua imagem dentro da direita e
aumentou sua influência nas negociações em Brasília. Parlamentares avaliam que
Tarcísio está construindo as condições para se consolidar como o candidato
natural do bolsonarismo em 2026, o que explica a pressão pela anistia.
Resistência no governo
No Palácio do Planalto, a movimentação é vista com
preocupação. Para integrantes da base governista, a anistia poderia enfraquecer
o peso das condenações do STF, além de abrir um precedente perigoso para crimes
contra a democracia. O discurso oficial do governo continua sendo o de rejeitar
qualquer tipo de perdão, defendendo que os responsabilizados devem cumprir
integralmente suas penas.
Cenário incerto
O tema promete ser um dos mais explosivos da pauta política
após o julgamento de Bolsonaro. Se, por um lado, a oposição enxerga na anistia
um gesto de pacificação, por outro, o governo e setores da sociedade civil
consideram a proposta uma afronta ao Estado de Direito.
Nos próximos dias, as negociações entre Centrão, oposição e
governistas devem se intensificar. A depender do desfecho no STF em 12 de
setembro, a anistia pode sair do campo das especulações e se tornar o centro
das atenções no Congresso Nacional.
Por: Inova News
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