STM será responsável por julgar perda de patente de Bolsonaro e militares condenados por tentativa de golpe

Oficiais das Forças Armadas podem perder a patente em caso de condenação criminal superior a dois anos de prisão

Divulgação/CNJ

A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (11) que caberá ao Superior Tribunal Militar (STM) analisar a eventual perda da patente de militares condenados na ação penal que trata da tentativa de golpe de Estado.

A decisão atinge diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, capitão da reserva do Exército, e também os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Braga Netto e o almirante Almir Garnier, todos condenados pela Suprema Corte no julgamento concluído nesta semana.

Segundo a Constituição Federal, oficiais das Forças Armadas podem perder a patente em caso de condenação criminal superior a dois anos de prisão. Entretanto, a análise pela Justiça Militar só poderá ocorrer após o trânsito em julgado, ou seja, depois do esgotamento de todos os recursos possíveis contra as condenações.

A decisão do STF reforça a separação de competências: o Supremo tem a palavra final sobre a culpa e a pena, mas cabe ao STM deliberar sobre a permanência ou não dos militares nos quadros das Forças Armadas.

Situação de Mauro Cid

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso, não poderá perder a patente. Ele foi condenado a 2 anos em regime aberto, com direito à liberdade, pena que não ultrapassa o limite constitucional para a aplicação dessa sanção.

Impacto entre delegados

A 1ª Turma do STF também decidiu sobre o futuro funcional de dois ex-integrantes do governo Bolsonaro: o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem. Ambos são delegados de carreira da Polícia Federal e, apesar de já estarem afastados da corporação, devem perder definitivamente o cargo em razão das condenações impostas pela Corte.

O julgamento no STM, que ainda não tem data definida, deverá avaliar caso a caso a possibilidade de exclusão dos militares. Se confirmada, a perda de patente implicará também a perda dos direitos e prerrogativas associados ao posto militar, incluindo soldos e benefícios.

O tema promete gerar intensos debates dentro e fora das Forças Armadas, especialmente pelo impacto simbólico que a decisão pode ter em relação ao ex-presidente Bolsonaro e aos generais de alta patente envolvidos no processo.

Linha do Tempo – Tentativa de golpe e julgamento dos militares

7 de setembro de 2023 – O STF abre inquérito para investigar suposta trama golpista envolvendo Jair Bolsonaro, militares e ex-integrantes do governo.

2024 – Avançam as delações premiadas, incluindo a do tenente-coronel Mauro Cid, que detalha reuniões, planos e ordens de Bolsonaro e aliados para reverter o resultado eleitoral.

2 de setembro de 2025 – Início do julgamento do chamado Núcleo 1 da tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal.

11 de setembro de 2025 – O STF conclui o julgamento e forma maioria pela condenação de Bolsonaro, generais de alta patente e outros réus.

  • Jair Bolsonaro, condenado a pena superior a 10 anos de prisão.
  • Generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto, também condenados a mais de 8 anos.
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, igualmente condenado.
  • Mauro Cid recebe pena de 2 anos em regime aberto.

11 de setembro de 2025 (à noite) – A 1ª Turma do STF decide que caberá ao STM (Superior Tribunal Militar) julgar a eventual perda da patente dos militares condenados.

12 de setembro de 2025 – STF determina ainda que os ex-ministros Anderson Torres (Justiça) e Alexandre Ramagem (ex-Abin), ambos delegados da Polícia Federal, sejam demitidos da corporação.

Próximos passos

Recursos da defesa deverão ser apresentados ao próprio STF antes do trânsito em julgado. Após esgotados os recursos, o STM analisará individualmente se Bolsonaro e os demais militares manterão ou perderão a patente. Caso confirmada a perda, os condenados perdem também soldos, benefícios e prerrogativas militares.

      Por: Inova News      

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