Governo Lula autoriza pagar até 600% mais caro por galões de água para a COP30

Galões de 20 litros de água, cujo preço médio é de R$ 4,25, estão sendo comprados por R$ 30,22 a unidade

Presidente Lula e governador Helder Barbalho, do Pará

O governo federal autorizou a compra de galões de água com preços até 611% superiores aos praticados em outras aquisições públicas para atender à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, marcada para ocorrer em Belém (PA) em 2025. O contrato, firmado no valor de R$ 1 milhão, prevê o fornecimento de 51 mil galões de 20 litros durante os 14 dias do evento.

Segundo documentos oficiais, 14,2 mil desses galões foram adquiridos ao custo de R$ 30,22 cada, enquanto outros 37,5 mil foram comprados por R$ 18,27 a unidade. Em contraste, o Painel de Preços do Governo Federal mostra que o Senado Federal fechou recentemente um contrato para aquisição de 60 mil galões, ao custo unitário de apenas R$ 4,25 — um total de R$ 255 mil.

A diferença entre os contratos é significativa: o valor pago pela organização da COP30 é até sete vezes maior, mesmo considerando volumes semelhantes. A estimativa é que o possível prejuízo aos cofres públicos chegue a R$ 896 mil, caso se considerem os preços mais baixos como referência de mercado.

A COP30 é considerada uma das maiores apostas diplomáticas do governo Lula na agenda ambiental e climática, e deve reunir representantes de quase 200 países. No entanto, o alto custo com itens básicos como água mineral levanta preocupações quanto à gestão dos recursos públicos.

Gastos sob questionamento

Especialistas em administração pública alertam para a importância da transparência e economicidade nas compras governamentais, especialmente em eventos de grande porte. A diferença de preços reforça a necessidade de fiscalização dos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU).

O que diz o Governo

A Secretaria Extraordinária da COP30, vinculada à Casa Civil da Presidência da República, afirmou que os custos com o fornecimento de água para a conferência internacional ainda estão sob revisão. Segundo o órgão, os valores refletem a realidade logística e econômica da cidade de Belém, capital do Pará, que vai sediar o evento.

A coordenação da conferência climática está a cargo da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI). A parceria foi oficializada por meio de convênio direto, sem processo licitatório, com um repasse total previsto de R$ 480 milhões. Deste montante, a OEI ficará com 5% como taxa de administração, conforme previsto em contrato.

Plano orçamentário

O plano orçamentário preliminar, apresentado pela organização internacional, já apontava valores significativamente altos para a compra de galões de água de 20 litros. A estimativa inicial era de até R$ 60,44 por unidade na chamada Zona Verde, área de maior circulação de autoridades e representantes estrangeiros. Para a Zona Azul, o valor cotado foi de R$ 36,54 por galão.

A proposta acabou sendo revista, e o contrato final divulgado prevê a aquisição de 51 mil galões com preços variando entre R$ 18,27 e R$ 30,22, ainda bem acima da média do setor público. Para efeito de comparação, o Senado Federal adquiriu recentemente 60 mil galões ao custo unitário de R$ 4,25.

Diante da repercussão, especialistas em gestão pública e parlamentares têm pedido mais transparência na execução dos recursos para a COP30, que deve reunir líderes de quase 200 países e mobilizar investimentos expressivos na região Norte.

A Secretaria não informou se os preços atuais serão renegociados ou se haverá reavaliação do contrato com a OEI. O tema pode ser alvo de auditoria de órgãos de controle, como o TCU e a CGU.

      Por: Inova News      

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