CCJ do Senado vota projeto que reduz punições por infrações ao consumidor

Penas mais leves estão sendo propostas para erros sem dolo e tira do fornecedor a obrigação automática de comprovar qualidade do produto ou serviço

 

CCJ do Senado(Ag. Senado


A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deve votar nesta quarta-feira (2) um projeto de lei que propõe mudanças profundas nas regras de proteção ao consumidor no Brasil. O texto, relatado pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA), flexibiliza a responsabilização de empresas por infrações ao Código de Defesa do Consumidor, o que tem gerado preocupação entre entidades de defesa dos direitos dos consumidores.

O projeto reduz penalidades atualmente aplicadas a fornecedores em casos de infrações, como publicidade enganosa, práticas abusivas e venda de produtos com defeito. Entre as alterações mais polêmicas, está a eliminação da obrigação automática das empresas de comprovarem a adequação e segurança de seus produtos ou serviços, transferindo parte do ônus da prova para o consumidor.

Outro ponto central do projeto é a flexibilização da responsabilidade por falhas sem intenção comprovada, abrindo margem para que fornecedores deixem de ser punidos em casos de erros considerados não dolosos. Atualmente, o Código de Defesa do Consumidor adota o princípio da responsabilidade objetiva, ou seja, independentemente da intenção, empresas devem reparar os danos causados ao consumidor.

Segundo o senador Angelo Coronel, o objetivo da proposta é “modernizar” a legislação e evitar o que classifica como uma “indústria de multas” que penaliza empresas mesmo em situações involuntárias. “É preciso garantir segurança jurídica para os empreendedores, sem abrir mão dos direitos do consumidor, mas buscando equilíbrio”, afirmou o relator.

No entanto, a proposta tem sido alvo de críticas por parte de órgãos como o Procon e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que alertam para um possível enfraquecimento da proteção ao cidadão nas relações de consumo. “Se aprovado como está, o projeto representa um retrocesso de mais de 30 anos na defesa do consumidor brasileiro”, declarou Mariana Alves, coordenadora do Idec.

A votação na CCJ será decisiva para o futuro do projeto, que, se aprovado, seguirá para o plenário do Senado. Caso receba sinal verde da maioria dos senadores, a proposta ainda precisará passar pela Câmara dos Deputados antes de virar lei.

A tramitação ocorre em meio a um debate mais amplo sobre o equilíbrio entre estímulo à atividade econômica e a manutenção de direitos conquistados pelos consumidores desde a promulgação do Código de Defesa do Consumidor, em 1990.

      Por: Inova News      


  

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