Durante o depoimento, Cid declarou que Bolsonaro não apenas leu como também editou o conteúdo
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reafirmou nesta segunda-feira (14) ao
Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-chefe do Executivo teve participação
direta na chamada “minuta do golpe”, documento que previa medidas extremas para
reverter o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da
Silva (PT).
Durante o depoimento, Cid declarou que Bolsonaro não apenas
leu como também editou o conteúdo da minuta, que incluía a decretação de
novas eleições e a prisão de autoridades. O militar falou na condição de
“informante do juiz” em audiência relacionada às investigações dos núcleos 2, 3
e 4 da suposta trama golpista.
Segundo Cid, o ex-assessor especial da Presidência para
Assuntos Internacionais, Filipe Martins, também participou da elaboração
do texto. Ele seria um dos autores, ao lado de um jurista cujo nome o
tenente-coronel afirmou não recordar.
“Esse documento basicamente era composto de duas partes. A
primeira parte é nos considerandos, já foi discutida à beça sobre isso aí, e
uma segunda parte é um artigo de ações e determinações que deveriam ser
tomadas”, disse Cid.
Ele detalhou que a primeira parte da minuta trazia supostas
interferências do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do próprio STF no
processo eleitoral:
“Os considerando basicamente eram possíveis interferências que
o TSE e o Supremo Tribunal Federal fizeram durante o processo eleitoral. (…)
esse documento em si, propriamente dito, ele basicamente era composto de prisão
de autoridades e decretação de novas eleições e algumas medidas relacionadas a
ações em torno disso aí.”
Cid ainda confirmou versões anteriores sobre o conteúdo
inicial da minuta. De acordo com ele, a proposta original incluía a prisão
de diversas autoridades, como o então presidente do Congresso Nacional, Rodrigo
Pacheco. Entretanto, após alterações feitas por Bolsonaro, o texto final
teria sido enxugado, mantendo apenas a previsão da prisão do ministro
Alexandre de Moraes, à época presidente do TSE.
Outros depoimentos no mesmo dia
Antes do depoimento de Cid, pela manhã, o juiz auxiliar Rafael
Henrique, que integra o gabinete de Alexandre de Moraes, ouviu testemunhas
de acusação indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). À
tarde, foi a vez de Cid ser ouvido diretamente por Moraes, que não pôde estar
presente nas sessões matinais.
Entre as testemunhas ouvidas pela PGR estiveram Clebson
Ferreira de Paula Vieira e Adiel Pereira Alcântara. As oitivas
ocorreram sem a presença do ministro Moraes nem do procurador-geral da
República, Paulo Gonet.
Agenda das oitivas segue até fim de julho
As audiências seguem até o final do mês, divididas conforme os
núcleos de investigação:
- Núcleo
2: depoimentos de testemunhas de defesa até 21 de julho
(Primeira Turma)
- Núcleo
3: entre 21 e 23 de julho (Segunda Turma)
- Núcleo
4: dias 15 e 16 de julho (Segunda Turma)
Todas as sessões começam às 9h e são conduzidas por
juízes auxiliares do gabinete de Moraes. Os trabalhos ocorrem por
videoconferência, com participação das defesas e da PGR, que podem formular
perguntas às testemunhas. Ao todo, 178 pessoas devem ser ouvidas.
Por: Inova News
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