Mauro Cid é acusado de mentir ao STF e violar ordens de Alexandre de Moraes, segundo revista Veja

A reportagem aponta que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro usou perfil oculto e divulgou versões conflitantes sobre investigação

 

Reprodução/Ag. Brasil (Lula Marques)

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, está no centro de uma nova polêmica envolvendo a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no fim de 2022. De acordo com reportagem publicada pela revista Veja, Cid teria mentido ao Supremo Tribunal Federal (STF) e desrespeitado ordens diretas do ministro Alexandre de Moraes, responsável pela condução do inquérito.

A revista afirma ter tido acesso a mensagens trocadas por Cid com uma pessoa próxima a Bolsonaro, utilizando um perfil no Instagram supostamente atribuído a ele: @gabrielar702. As conversas teriam ocorrido entre 29 de janeiro e 8 de março de 2024, período em que o militar já estava sob medidas cautelares impostas pelo STF, como o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de contato com outros investigados e de uso de redes sociais.

Segundo a reportagem, nas mensagens, Cid transmitia uma versão dos fatos diferente da apresentada à Polícia Federal (PF) em sua delação premiada. Em um dos trechos divulgados, ele afirma que o “jogo é sujo” e que o ministro Alexandre de Moraes, citado pelas iniciais “AM”, já teria uma sentença pronta para condená-lo. Em outro momento, teria chamado Moraes de “cão de ataque”.

O conteúdo divulgado pela Veja indica, ainda, que Cid expressou insatisfação com o próprio depoimento, sugerindo que foi manipulado e desvalorizando a atuação de seus advogados. Isso pode comprometer diretamente o acordo de colaboração firmado com a Justiça, que prevê a obrigação de dizer a verdade e não omitir informações ou apresentar versões contraditórias. A quebra dessas regras pode resultar na anulação dos benefícios concedidos ao delator.

Interrogatório no STF

Na última segunda-feira (9), Mauro Cid foi o primeiro dos oito réus acusados de integrar o núcleo central da tentativa de golpe a depor no STF. O interrogatório durou quase quatro horas e, segundo relatos, o militar demonstrou hesitação em diversos momentos, recorrendo frequentemente às frases “não me lembro” e “não me recordo”. Quando questionado pelo advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, negou ter utilizado redes sociais durante o período em que estava sob restrições judiciais.

Ao ser confrontado sobre o perfil @gabrielar702, afirmou: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”, aumentando as dúvidas sobre sua veracidade nos depoimentos.

Defesa nega autenticidade das mensagens

A defesa de Mauro Cid reagiu à reportagem com veemência. Em nota enviada à imprensa, os advogados classificaram as imagens divulgadas pela Veja como “montagens”. A equipe argumenta que as capturas de tela não apresentam data ou horário das conversas, o que, segundo eles, compromete a autenticidade. Também alegam que a forma de escrita nas mensagens não condiz com o estilo de Cid.

Apesar disso, o material obtido pela revista sugere que o tenente-coronel violou ao menos duas determinações do STF, o que pode ter implicações graves no processo em curso.

Repercussão e próximos passos

A revelação aumenta a pressão sobre Mauro Cid e pode reconfigurar a condução da ação penal que investiga os envolvidos na suposta trama golpista. O Supremo deverá avaliar se houve, de fato, quebra dos termos da delação premiada, o que pode culminar na revogação do acordo.

Enquanto isso, o processo segue em tramitação, com os interrogatórios de outros réus previstos para os próximos dias. O caso reacende o debate sobre a lealdade de colaboradores da Justiça e o impacto político das investigações em curso envolvendo o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro.

      Por: Inova News      

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